31 de agosto de 2014

Zazen – 31/08/2014


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Uma pessoa perguntou à Buda o que os Monges faziam? E ele respondeu:“acordamos, trabalhamos, oramos, comemos, dormimos”. “Mas isso todo mundo faz”, disse o homem e Buda respondeu: “Não é verdade, as pessoas não fazem isso integralmente”. Então muitas pessoas quando deitam para dormir ficam pensando nos problemas que têm que resolver no outro dia ou, hoje em dia, comem na frente da TV ou lendo um jornal para saber das notícias. Um homem verdadeiramente homem, senta para comer e saboreia a comida sem pensar em mais nada, sente o gosto de cada garfada colocada na boca. Isso é o contrário do que normalmente as pessoas dizem, “eu quero me divertir” ou “eu quero me distrair”. Isso é como se desligar da vida e não pensar, ou como ter que ter um som de música ou TV para não ficar sozinho consigo mesmo. Esse não ficar consigo mesmo é um sintoma de uma doença. A sanidade é você conseguir sentar e pensar apenas naquele momento, no dia maravilhoso, no cheiro das flores, nos pássaros que passam por você ou um latido de um cachorro. Estar ciente da maravilha que é você poder escutar, ver e sentir as coisas ao seu redor.


O sofrimento vem do apego, não do amor.
Monge Genshô
Fonte: http://opicodamontanha.blogspot.com.br/2014/05/o-sofrimento-vem-do-apego-nao-do-amor.html
Imagem: Monge Daitetsu

24 de agosto de 2014

Zazen – 24/08/2014



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Pergunta – Levando a lei do carma em consideração posso supor que somos responsáveis por todos os problemas e sofrimentos da nossa vida? 

Monge Genshô – Sim, mas não exclusivamente nessa vida. Você tem marcas que vêm do passado que fazem com que sua vida se manifeste de determinada forma, porém você tem o poder de alterar o seu carma, para o bem e para o mal. Todos podemos construir vidas melhores cuidando do seu carma. Não adianta reclamar do que acontece conosco, temos que aceitar e ir em frente e procurar transformar uma coisa ruim em boa. Tenho um bom exemplo, minha filha está no hospital com o filho com leucemia. Em vez de ela lamentar sua situação e de seu filho, está pensando em como melhorar a situação do Instituto Nacional do Câncer e em fazer campanha para aumentar o número de doadores de medula. Você pode encontrar nos dramas da vida saídas para transformar aquele sofrimento num benefício para muitas pessoas. Os resultados que ela obterá ninguém poderá avaliar agora, mas podem ser maravilhosos. Você não sabe a consequência de um ato. 

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O que interessa para nós nessa história é que quando dizemos algo e jogamos uma semente não podemos saber o tamanho do resultado. Somos imensamente poderosos em relação ao que podemos realizar plantando idéias e dizendo coisas para as pessoas. 

Somos imensamente poderosos
Monge Genshô

Fonte: http://opicodamontanha.blogspot.com.br/2013/12/somos-imensamente-poderosos.html
Imagem: Monge Daitetsu

17 de agosto de 2014

Zazen – 17/08/2014



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Pergunta – Queria que o Senhor falasse um pouco sobre a compaixão. 

Monge Genshô - A compaixão é muito diferente da pena, da piedade, a compaixão surge daquele sentimento, “sentei-me com todos os seres, todos os seres estão juntos comigo, todos os seres sofrem, então todos são como eu, eu e eles somos um”. Então se eles sofrem, eu sofro. Isso é compadecer-se. Compadecer-se é padecer junto, sentir a dor do outrojunto.“Nós” é só um grande eu. É um eu ampliado, os países às vezes pensam assim” “nós”. Mas é em relação ao seu país, ou à sua raça, mas “nós” no budismo é: todos os seres e a grande terra. Nem um fora.

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O Dharma é um grande presente, ele está em muitos lugares, não só no budismo. Nós devemos procurá-lo ativamente, porque ele não surge da ignorância, ele só surge do esforço e da sabedoria, então, por favor, esforcem-se....

Consciente e inconsciente
Monge Genshô

Fonte: http://opicodamontanha.blogspot.com.br/2014/07/consciente-e-inconsciente.html?m=1
Imagem: Rafa Ferreira

10 de agosto de 2014

Zazen – 10/08/2014


1) O senhor sempre fala sobre o Dharma, eu gostaria de tentar entender o que é o Dharma.

Monge Genshô – Nós temos três jóias no Budismo. O Buda, o Dharma e a Sangha. Temos uma cerimônia em que tomamos refúgio nessas três jóias. Tomar refúgio é como retornar e abrigar-se nas jóias. Buda não é uma pessoa, um Deus ou um salvador, Buda é essencialmente uma idéia, a idéia de que todos podemos acordar como Sidharta Gautama Shakyamuni acordou. Quando ele fez isto foi chamado de Buda, “aquele que despertou”. Todos os homens estão sonhando sonhos de ilusões, se acordam de suas ilusões, livram-se de seus sofrimentos. Sentimentos comuns como, por exemplo, ciúmes, por que ele existe? Porque somos apegados, inseguros, porque queremos possuir pessoas ou coisas, então surge esse sentimento que é, em essência, egoísta, que nasce da noção de um “eu” e este “eu” é a ilusão mais importante. É deste “eu” que Buda se livrou, acordou, livrando-se dos apegos. Esta é então a primeira jóia. Refugiar-se no Buda significa abrigar-se nessa idéia e confiar que mesmo sendo um ser imperfeito e cheio de problemas, apegos e paixões, pode-se despertar com a prática correta.

Perguntas e respostas na Sangha
Monge Genshô

Fonte: http://www.daissen.org.br/hp/index.php?id=0&s=textos&txt_id=173

Imagem: Monge Daitetsu

3 de agosto de 2014

Zazen – 03/08/2014


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Monge Genshô – A Sangha é uma grande oportunidade, a comunidade onde trabalhamos. Nós devemos nos perguntar a cada momento: “Quem é que? Quem é que dentro de mim ficou com raiva? Quem é que dentro de mim se impacientou? Quem é que não aceita? Quem é que não tolera os outros”? A cada momento você pode perguntar – “Quem é que”? E quando você se der conta, meu ego, meu “eu”, ele enfraquecerá. Quem é que dentro de mim, sente ou pensa? Que carrega tal ou qual sentimento? Quem é esse? E você diga a você mesmo - É meu engano. Eu me engano. Eu estou dirigindo na rua e alguém buzina atrás de mim, impaciente. Você deveria pensar, é como a chuva, ou como o vento, nada é comigo. São simplesmente as emoções daquele ser, nada é comigo porque não tem ninguém aqui para se incomodar. Então, se você tiver essa postura, não haverá perturbação nenhuma. Se você não consegue isso, pelo menos não faça nada, não diga nenhuma palavra, não reaja, não comente com os outros e depois não comente com você mesmo, não pense nada, simplesmente aceite que lá também não tem um “eu”.

Você está num barco em um lago e tem um grande nevoeiro. Outro barco vem e bate no seu, você se irrita porque o outro não está prestando suficiente atenção. Tem nevoeiro, tem que prestar mais atenção. Então você olha dentro do outro barco e não tem ninguém. É um barco vazio que o vento empurrou. Imediatamente sua raiva passa. Porque lá não tem um “eu”. Pense – “Não há eu em ninguém, também não há eu em mim, isso é só ilusão”. Esse é o primeiro passo. É uma boa estratégia. Quando conseguirem não se importar com ninguém, então poderemos passar para o segundo passo.

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Excerto do texto: "Não acreditem em mim - testem" de autoria de Monge Genshô.
Imagem: Monge Daitetsu