27 de setembro de 2015

Zazen - 27/09/2015

"... A prática não é atingir algum estado de graça. Não é ter visões. Não é ver luzes brancas (ou róseas ou azuladas). Todas essas coisas podem ocorrer e, se sentarmos durante tempo suficiente, talvez elas aconteçam mesmo. Porém, isto não é a prática.



A prática não é para ter sentimentos agradáveis, felizes. Não é para se sentir bem, em vez de mal. Não é uma tentativa de ser ou de sentir qualquer coisa especial. O produto ou a finalidade da prática, ou aquilo a que ela se refere, não é ser/estar sempre calmo ou controlado.

Se nosso barco cheio de esperanças, ilusões e ambições (de chegar a algum lugar, de tornar-se espiritual, de ser perfeito, de alcançar a iluminação) vira de ponta-cabeça, o que é este barco vazio? Quem somos nós? O que, em termos de nossas vidas, podemos perceber, conhecer? E o que é a prática?"


Charlotte Joko Beck
Imagem: Monge Daitetsu

20 de setembro de 2015

Zazen - 20/09/2015

Imagem: Monge Daitetsu
Quando curiosamente te perguntarem, buscando saber o que é Aquilo, não deves afirmar ou negar nada.

Pois o que quer que seja afirmado não é a verdade, e o que quer que seja negado não é verdadeiro.

Como alguém poderá dizer com certeza o que Aquilo possa ser enquanto por si mesmo não tiver compreendido plenamente o que É?

E, após tê-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma região onde a carruagem da palavra não encontra uma trilha por onde possa seguir?

Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silêncio, Silêncio - e um dedo apontando o Caminho.

Verso Zen

13 de setembro de 2015

Zazen - 13/09/2015

"...Quando vamos sentar no zafu fazemos uma reverência, nos conscientizando de tudo que foi necessário acontecer para que o zafu estivesse onde está e para que fosse possível sentar e praticar. Após isto giramos e fazemos nova reverência, desta vez para todos os colegas, como a pedir desculpas por todos os sons que iremos emitir e porque vamos nos mexer e perturbá-los. Cada gesto deve ter dentro de si esta reverência e temos que levá-la para nossos lares. Quando você abre o chuveiro na sua casa, sai água, então você deve ter reverência por tudo que tornou possível ter seu banho confortável de água quente. Cada coisa que existe em sua casa, cada conforto, tem por trás muita morte e sofrimento. Por isso, no sesshin, fazemos tantas reverências e a cada reverência temos que nos lembrar o porquê é assim...". 

Monge Genshô 

Imagem: Monge Daitetsu

6 de setembro de 2015

Zazen - 06/09/2015

Imagem: Monge Daitetsu
Aluno – Eu só consigo meditar com olhos fechados, eu vou visualizando cores que vêm aleatórias e me concentro nas cores e nos sons...isto está errado?

Monge Genshô – Não é para se concentrar em nada. Isso não é zazen, ainda não é zazen. Você está vendo coisas, ilusões, e se concentrando nelas. Não é para se concentrar nas ilusões que surgem, mas na realidade tal como ela é. Então nós abrimos os olhos levemente, semicerrados para baixo, não focamos em nada, também é errado abrir os olhos e começar a olhar, procurar cavalinhos, elefantes, nas frestas da parede etc. Um bom exercício é olhar para a parede e não procurar ver nada, desligar, é só isso que existe, as coisas tais como são, na sua frente, não as coisas que você fabrica na sua mente. Onde estão as imagens que nós vemos nas nuvens? Na mente. 

Então você não tem que projetar as imagens da sua mente, procurar ver cores ou se concentrar em algo. Não é para se concentrar. Zazen não é concentração simples. Zazen é aceitar tudo que vem. Eu estou aqui olhando, mas estou ouvindo um pássaro lá fora. Eu aceito. Um carro subiu a ladeira. Eu aceito. Começou a chover. Eu aceito. Eu não julgo nada. Um mosquito veio, voou e me picou. Eu aceito (afinal de contas ele precisa comer). Se eu fizer isso, aceitar as coisas tais como elas se apresentam, eu estou treinando para a vida. Se eu fechar os olhos eu aumento as probabilidades de sair daqui deste lugar, porque eu quero ficar aqui, neste lugar, no presente. Com os olhos um pouco abertos, eu ainda estou aqui, vendo este local, que é a realidade. Eu quero aceitar a realidade, os sons reais, as coisas como são. Não julgá-los, não apreciá-los, não é para apreciar, é só para aceitar. Por isso meditação é com os olhos abertos, não é com os olhos fechados. Esqueça o objetivo de “me concentrar”. Sente e aceite. Só. Só exista. Uma árvore que está ali fora, passa o vento e ela balança. Ela aceita. Seja como a árvore, aceite os ventos. 

Monge Genshô